Perguntas
e respostas sobre o DPVAT; seguro obrigatório já indenizou 4,5 milhões de pessoas
Na última segunda-feira (11), o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) extinguiu o DPVAT, seguro obrigatório para
donos de veículos no país. Nos últimos dez anos, o seguro foi responsável pela
indenização de 4,5 milhões de brasileiros. Veja a seguir perguntas e respostas
sobre o seguro.
O que é o DPVAT?
O DPVAT (Danos Pessoais por Veículos
Automotores Terrestres) é um seguro obrigatório pago anualmente por todos os
donos de veículos do Brasil. Seus recursos são destinados ao SUS (Sistema Único
de Saúde), ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e à organização do
seguro em si, ou seja, o pagamento de indenizações em caso de acidentes de
trânsito.
Quem tem direito a ser indenizado?
Qualquer pessoa que sofra um acidente no país pode pleitear uma indenização do
Dpvat, seja em casos de morte, de invalidez permanente ou de reembolso de
despesas médicas ou hospitalares. O seguro cobre inclusive pedestres ou
ciclistas que, na prática, não pagam pelo seguro. Pedestres, aliás, são 24% dos
indenizados.
Qual a lógica por trás do seguro?
Criado em 1974, num período de franca expansão das cidades e da frota
automobilística no país, o Dpvat tinha o objetivo de criar uma grande rede de
pagadores - os donos dos veículos - capazes de financiar um seguro público aos
acidentados no trânsito brasileiro, independentemente de ser verificado a
responsabilização.
Qual o valor das indenizações pagas?
Nos casos de morte, o valor da indenização é de R$ 13.500 e de invalidez
permanente, de R$ 135 a R$ 13.500. Já para os casos de reembolso de despesas
médicas e suplementares, o teto é de R$ 2.700 por acidente.
Como o seguro é gerido?
Desde 2010, o seguro é gerido pela Seguradora Líder, um consórcio formado
atualmente por 73 seguradoras. Entre elas, a Porto Seguro, a Mapfre e as
seguradoras de bancos como Bradesco ou Caixa, por exemplo.
De todo o recurso arrecadado, 50% vai diretamente para o governo federal, sem
mesmo passar pela conta da Líder: 45% do recurso da União vai para o SUS e 5%
para o Denatran.
O restante do arrecadado é dedicado às indenizações e à administração do
seguro. Em 2017, 42% de toda a arrecadação foi revertida em indenizações. Os 8%
restantes foram para a administração do seguro, margem de lucro e corretagem. O
lucro da Seguradora Líder fica limitado a 2% da arrecadação.
Por que o DPVAT foi extinto?
O governo Jair Bolsonaro (PSL), por meio de uma Medida Provisória, extinguiu o
seguro alegando que ele sofria com muitas fraudes e trazia muito custo ao país.
O que dizem os especialistas?
Embora vários especialistas admitam
falhas e brechas no Dpvat, não há consenso sobre o que deveria ser feito com
este seguro. Para alguns, o seguro mereceria uma reforma, mas não o seu fim.
Alguns temem que a extinção pode trazer insegurança ao financiamento do SUS e
do Denatran. Para outros, a medida é justificável diante das fraudes, da
burocracia e da liberdade de escolha de seguros que o condutor deveria ter.
As fraudes são realmente muitas?
Em 2018, quase 12 mil fraudes foram
identificadas em todo o país. O número equivale a 2% dos 597 mil pedidos feitos
aos seguros no Brasil naquele ano. A identificação das fraudes poupou R$ 70
milhões ao fundo.
A incidência não é uniforme. O Ceará,
que tem apenas a 9ª maior frota do Brasil, contabiliza 1 em cada 5 fraudes do
tipo no país, o que o coloca há anos no topo do ranking de irregularidades no
setor (seguido em 2018 por SP e RS). De acordo com a Líder, há anos quadrilhas
no Ceará têm se especializado em fraudar o DPVAT.
Como as fraudes são identificadas hoje?
Para identificar essas irregularidades,
a Líder diz montar um gigantesco banco de dados com os pedidos. Cada um deles
traz informações do acidentado, dos médicos que o atenderam e detalhes da
dinâmica do acidente. Mais de 200 critérios são analisados com a utilização de
algoritmos específicos.
Verifica-se, por exemplo, se um mesmo
motociclista pede diferentes vezes o mesmo seguro. Ou se um médico emite muito
mais laudos de vítimas de trânsito do que conseguiria atender.
Uma equipe de médicos ainda avalia os
laudos emitidos em busca de incoerências. Como ocorre nas grandes seguradoras,
não raro um auditor da empresa procura o acidentado para checar se a história contada
é real.
Na última segunda-feira (11), o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) extinguiu o DPVAT, seguro obrigatório para
donos de veículos no país. Nos últimos dez anos, o seguro foi responsável pela
indenização de 4,5 milhões de brasileiros. Veja a seguir perguntas e respostas
sobre o seguro.
Qualquer pessoa que sofra um acidente no país pode pleitear uma indenização do Dpvat, seja em casos de morte, de invalidez permanente ou de reembolso de despesas médicas ou hospitalares. O seguro cobre inclusive pedestres ou ciclistas que, na prática, não pagam pelo seguro. Pedestres, aliás, são 24% dos indenizados.
Criado em 1974, num período de franca expansão das cidades e da frota automobilística no país, o Dpvat tinha o objetivo de criar uma grande rede de pagadores - os donos dos veículos - capazes de financiar um seguro público aos acidentados no trânsito brasileiro, independentemente de ser verificado a responsabilização.
Nos casos de morte, o valor da indenização é de R$ 13.500 e de invalidez permanente, de R$ 135 a R$ 13.500. Já para os casos de reembolso de despesas médicas e suplementares, o teto é de R$ 2.700 por acidente.
Desde 2010, o seguro é gerido pela Seguradora Líder, um consórcio formado atualmente por 73 seguradoras. Entre elas, a Porto Seguro, a Mapfre e as seguradoras de bancos como Bradesco ou Caixa, por exemplo.
De todo o recurso arrecadado, 50% vai diretamente para o governo federal, sem mesmo passar pela conta da Líder: 45% do recurso da União vai para o SUS e 5% para o Denatran.
O restante do arrecadado é dedicado às indenizações e à administração do seguro. Em 2017, 42% de toda a arrecadação foi revertida em indenizações. Os 8% restantes foram para a administração do seguro, margem de lucro e corretagem. O lucro da Seguradora Líder fica limitado a 2% da arrecadação.
O governo Jair Bolsonaro (PSL), por meio de uma Medida Provisória, extinguiu o
seguro alegando que ele sofria com muitas fraudes e trazia muito custo ao país.
O que dizem os especialistas?
Embora vários especialistas admitam
falhas e brechas no Dpvat, não há consenso sobre o que deveria ser feito com
este seguro. Para alguns, o seguro mereceria uma reforma, mas não o seu fim.
Alguns temem que a extinção pode trazer insegurança ao financiamento do SUS e
do Denatran. Para outros, a medida é justificável diante das fraudes, da
burocracia e da liberdade de escolha de seguros que o condutor deveria ter.
As fraudes são realmente muitas?
Em 2018, quase 12 mil fraudes foram
identificadas em todo o país. O número equivale a 2% dos 597 mil pedidos feitos
aos seguros no Brasil naquele ano. A identificação das fraudes poupou R$ 70
milhões ao fundo.
A incidência não é uniforme. O Ceará,
que tem apenas a 9ª maior frota do Brasil, contabiliza 1 em cada 5 fraudes do
tipo no país, o que o coloca há anos no topo do ranking de irregularidades no
setor (seguido em 2018 por SP e RS). De acordo com a Líder, há anos quadrilhas
no Ceará têm se especializado em fraudar o DPVAT.
Como as fraudes são identificadas hoje?
Para identificar essas irregularidades,
a Líder diz montar um gigantesco banco de dados com os pedidos. Cada um deles
traz informações do acidentado, dos médicos que o atenderam e detalhes da
dinâmica do acidente. Mais de 200 critérios são analisados com a utilização de
algoritmos específicos.
Verifica-se, por exemplo, se um mesmo
motociclista pede diferentes vezes o mesmo seguro. Ou se um médico emite muito
mais laudos de vítimas de trânsito do que conseguiria atender.
Uma equipe de médicos ainda avalia os
laudos emitidos em busca de incoerências. Como ocorre nas grandes seguradoras,
não raro um auditor da empresa procura o acidentado para checar se a história contada
é real.
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